sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Led Zeppelin- Led Zeppelin I


    Led... Se eu ousasse a definir- esse gigante que devastou corações, devastou mundos, mudou gerações- com uma palavra apenas. Acho que alto seria a melhor definição para essa avalanche louca e desenfreada que foi essa banda.
    Alto, escute bem alto o que esses jovens (na época) tem a dizer; a gritar, a se permitir...
    O ano é 1969, Jimmy Page que recentemente fora abandonado pelos seus companheiros de banda, se vê sozinho com mais alguns shows do Yardibirds para cumprir. O que lhe falta é uma banda para que possa continuar a sua caminhada. Que não havia sido curta, ele era um dos guitarristas mais requisitados da Inglaterra para gravar em estúdio para outras pessoas.
    Jimmy precisava de uma banda e tinha que ser das boas. Pois os Yardibirds já estava fadado a não mais crescer e ele sabia que podia muito mais do que só fazer um The New Yardibirds, como foram chamados assim que conseguiu recrutar John Paul Jones (baixo, teclado) com quem já tocara; John Bonham (bateria) e Robert Plant (Vocais) que foram garimpados de bandas menores, mas que estavam conseguindo colocar o pão de cada dia em casa.
    Todos toparam entrar de cabeça nesse projeto encabeçado por Jimmy Page (Guitarra) e Peter Grant (empresário da banda).
    Rumando pelo incerto e buscando trazer uma nova cara para o Blues e para o Rock, os quatros partem para o estúdio e gravam essa energia, essa aura, esse grito.
    O álbum se inicia de forma abrupta, socando a sua porta (no caso o seu ouvido) com o riff de Good Times, Bad Times, com a bela voz de Plant, a bateria incendiária de Bonham (que parece tão sobrenatural ao fazer aquilo com apenas um bumbo e um pedal) e o baixo cheio de groove de Jones.
    A segunda música Babe I´m Gonna Leave You tem uma presença forte e marcante, mesmo não sendo uma música com guitarra em sua estrutura principal, mas possui dedilhados lindíssimos e inebriantes e a construção da música para a alternância de momentos mais calmos para os mais agitados também é deveras interessante.
    You Shook Me que na minha humilde opinião é a melhor música desse álbum, começa com um jeito de Blues de raiz, com a voz arrastada de Plant. Parece um convite para algo a mais, a música vai te envolvendo, criando aquele clima até que chegamos aos 2 minutos da música e Jones nos presentea com um belíssimo solo de teclado e Plant mostra para que veio mandando a ver com a gaita. Para mim, essa música simboliza claramente o que Page queria com a banda. Viver o Blues, sentir o Blues; mas com a cara dele. Com a cara da banda. Amo o jeito de como no final da música Page e Plant fazem um jogo de pergunta e resposta que culmina com Plant cantando "You Shook me on-on-on-on-on".
    Uma particularidade de You Shook Me é que ela é uma música de Willie Dixon, mas que ficara famosa na voz de Muddy Waters. A particularidade não está nesse fato, mas reside na questão em que Jeff Beck (ex companheiro de Page no Yardbirds) havia acabado de lançar um álbum solo que continha a mesma música e ele mostrara para Page o álbum e mesmo assim optou por colocar You Shook Me em seu primeiro álbum do Led como uma forma de provocar Jeff e mostrar que era melhor (mesmo que ele nunca tenha confirmado expressamente isso). Confira aqui a diferença entre as canções e a versão do próprio Dixon.

    

    Dazed And Confused. Atordoado e confuso, é assim que me sinto após ouvir essa música que vem como uma pancada para os ouvidos. Essa bela música sempre fora um dos carros-chefe do Led, especialmente em suas apresentações ao vivo que costumavam chegar a mais de 20 minutos com um belo solo de Page e com Plant sempre o ajudando. Eis um vídeo do show realizado pela banda em 1976 no Madison Square Garden em Nova Iorque (cujo título da filmagem ganhou o nome de The Song Remains The Same). Esse solo tem apenas uma curiosidade que é a marca registrada de Page.   Ele toca sua Gibson Les Paul com um arco de tocar violino (por mais original que isso pareça, Jimmy vira alguém fazendo isso em algum que ele fora na Inglaterra)


    O álbum continua com Your Time Is Gonna Come que tem uma excelente introdução harmônica com Jones tocando um órgão que culmina com as Plant cantando "Lying, Cheating, Hurting/ It's all you seem to do" e com esse espírito de vingança pelo coração quebrado em milhares de pedaços a música segue.
    A música se emenda com Black Mountain Side que é totalmente instrumental e cercada de nuances e camadas sonoras. Tem um espírito que te convida para uma aventura nos campos da Inglaterra. As notas dessa canção são bem construídas e executadas o que gera um contraste com a próxima música que é Communication Breakdown que é bem mais rápida, alta e agitada. Communication é a música que fez com que o Led fosse comparado bastante com o Black Sabbath, especialmente por causa de Paranoid (do álbum homônimo e o segundo da banda) que por sinal fora inspirada na composição do Led, assim como já afirmara Geezer Butler (baixista da banda) em entrevistas.
    I Can't Quit You Baby volta para a pegada mais calma em contra composição a Communication, mas ela tem seus ápices de altura, especialmente quando Plant solta a voz para expressar para sua amada que ela não pode abandoná-lo e com Page fazendo a guitarra sofrer.
    How Many More Times, última canção do álbum e a mais longa começa com um ritmo envolvente que culmina com a banda fazendo uma espécie de Jam no meio da música com experimentalismo na bateria de Bonham com diversas viradas e um belo solo de Page. Melhor jeito de terminar um álbum.
    Ainda tenho muita coisa para falar do Led, mas um post é muito pouco para isso. Mas não posso deixar de citar a grande discussão que gira entorno da banda que é sobre os plágios e músicas não creditadas, pois é sabido que a banda pegou muita coisa emprestada de artistas do Blues e não deu o devido crédito e depois teve que pagar diversas indenizações, só nesse álbum temos três músicas. Prometo em breve escrever mais a fundo sobre essa questão, mas ela demanda bastante estudo. Mas farei assim que possível. Espero que gostem do álbum e do blog. Participe você também. Nos mande sugestões de bandas, críticas e comentários. Até a próxima, gente. 
    

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