Tame Impala, banda australiana (Para quem acha que o AC/DC é a única banda de lá que presta, receba) formada em 2007 por Kevin Parker (guitarra e vocais); Jay Watson (sintetizador, vocais e guitarra); Dominic Simper (guitarra e vocais); Cam Avery (baixo, vocais) e Julien Barbagallo (bateria e vocais).
Essa banda será uma das atrações do Lollapalooza do Brasil em 2016 e lançou um álbum novo no ano passado (2015). Devido a esses dois fatos recentes, a hype com relação à banda (ifelicidade b minha parte que fui conhecê-la esse ano após tais fatos) aumentou consideravelmente.
A banda possui três álbuns de estúdio Innerspeak (2010); Lonerism (2012) e Currents (2015). A banda tem três álbuns, por que não mostrar o primeiro? Simples, jovem: Foi o primeiro álbum que ouvi da banda e na minha opinião foi um dos melhores desse ano que passou. Sem contar que ganhei o CD desse disco de amigo oculto de uma pessoa muito querida. Por isso, nada melhor que começar este blog com essa banda e nesse clima.
Se eu pudesse definir esse álbum em uma palavra, seria: dançante. Mas uma palavra é muito pouco para explicar essas explosão sonora que ocorre nesse álbum. Lisérgico, seria outra palavra que caberia nesse trabalho. Porém, Tame Impala desconectado desse estilo não seria Tame Impala.
Minha primeira impressão ao ouvir esse álbum que abre com a música Let It Happen, que é apenas a maior música desse álbum com 7 minutos e 46 segundos, essa música tocaria facilmente em baladas underground de deep house e prog eletrônico. Ela é um convite para que você "Deixe Acontecer" esse disco cheio de surpresas e forças que embalam os cosmos deste trabalho.
Let It Happen mesmo sendo melancólica e depressiva tem uma pegada tão dançante que a única vontade que se tem é balançar a cabeça e deixar a vibe te levar nessa viagem (em todos sentidos) sonora. A primeira vez que ouvi esse álbum tive uma impressão que o streaming estava falhando justamente na ponte, como se o disco estivesse travando ou riscado. Essa parte é proposital e tão bem feita que todas as vezes eu me mexo para verificar se está tudo bem com o som.
Nangs, a segunda música como forma de suavizar para os ouvidos não acostumados com músicas longas é curtinha e tem como efeito de um mantra ao repetir a mesma frase "But is there something more than that?"
The Moment é a terceira música e volta aquele sentimento não expressado na primeira música de tenho algo a dizer para a pessoa amada, mas não consigo.Porém o eu lírico começa a perceber que está tudo acabado e que a tempestade está se aproximando cada vez mais. O progressivo envolvente desse álbum se torna mais cadenciado e mais crescente, respondendo em alto bom som a pergunta de Nangs; "Mas tem algo mais além daquilo?" Claro que tem mais! Nem começamos essa viagem direito.
Yes, I'm Changing tem tudo a ver com o que o Kevin Parker vem passando (término de relacionamento e a mudança no estilo da banda).
"Yes I'm changing, yes I'm gone
Yes I'm older, yes I'm moving on
And if you don't think it's a crime you can come along, with me"
Nessa parte da música, fica nítido que os versos podem se aplicar tanto na questão de relacionamento quanto musicalemente. Por mais que a canção tenha uma toada emotiva com relação ao amor, percebe-se que a música tem uma guinada para o desconhecido, pois é isso que acontece após um término (ou um novo álbum): um mergulho para onde as vozes te chamam, assim como Parker termina essa bela canção.
Eventually, quinta música, é sobre como o tempo cura as coisas e como a felicidade virá mesmo sabendo que tempos difícies virão. Pois términos são complicados e um sentimento que reside no fundo é que:
Eventually, quinta música, é sobre como o tempo cura as coisas e como a felicidade virá mesmo sabendo que tempos difícies virão. Pois términos são complicados e um sentimento que reside no fundo é que:
"Wish I could turn you back into a stranger
Cause if I was never in your life, you wouldn't have to change this"
Ou seja, por mais que não haja mais sentimento na relação, sempre fica aquele desconforto ao estar em situações com a outra pessoa e tudo o que mais se deseja naquele momento é que ambos não se conheçam para que não precisem passar por isso.
Gossip é instrumental bem curtinha que parece uma ponte para unir Eventually e The Less I Know The Better (Sétima canção). Pois, após a separação, ambos estão perdidos, mas eventualmente serão felizes. A fofoca (Gossip em inglês) vem rumando por aí, informações desconexas, histórias aumentadas, até que...
"Someone said they live together
I ran out the door to get her
She was holding hands with Trevor"
A fofoca vira realidade e você a vê segurando as mãos de Trevor e quanto menos você souber, melhor será e o Eu Lírico (que parece Parker narrando uma história de separação, a dele mesmo) recomenda que você siga em frente e procure sua felicidade e deveria tentar a sorte com Heather (acredito que as escolhas de nomes sejam devido à sonoridade e rima). Porém fica nítido que avistá-la com outra pessoa e saber dela o faz mal, o faz sofrer, traz tudo de volta e cria no fundo uma vaga esperança de que um dia, tudo pode dar certo. Pode demorar, mas vai chegar e tudo o que você quer é não esperar para sempre.
The Less I Know The Better fora uma música que me encantara antes mesmo de ouví-la, só de ler o nome, já senti uma conexão, por mais boba que seja... Costumava dizer por aí que "quanto mais eu sei, menos eu quero saber"; seja academicamente, sobre as pessoas, sobre o universo e tudo o mais. Portanto como não se apaixonar por uma música que traga justamente essa ideia.
Mesmo o álbum tendo sido lançado em Julho de 2015, a banda lançou o videoclipe dessa música há um mês atrás no YouTube sem deixar o lado lisérgico (colorido), mas trazendo a novidade dançante.
Past Life, oitava música, é uma continuação da saga do nosso eu lírico em busca de sua felicidade e já habituado em sua nova rotina. Eis que após pegar umas roupas da lavanderia, encontra aquele olhar no retrovisor, aquele olhar de uma vida passada tudo isso ao som de rock futurista da década de oitenta, vozes moduladas com aspecto robótico, mostrando uma nova realidade. Os tempos passaram, o futuro chegou. Você achava que estava superado, mas na verdade você está no modo de espera, até que alguém com um controle remoto possa te ligar novamente, trazendo todas aquelas imagens de uma vida passada. Você quer ligar, mas não sabe mais se o número dela é o mesmo. Você decide ligar (Por que não, né?), o refrão crescente e envolvente traz a atmosfera da espera, da angústia, até que...
Disciples mostra o lado inseguro e stalker de uma pessoa que pega o caminho mais longo apenas para passar por sua porta e esperar para saber se está bem. Percebe-se que está bem e seguindo sua vida, mas você ainda guarda coisas no seu âmago, quer falar coisas, aquelas coisas que só conseguia dizer para ela.
'Cause I'm a Man parece ser aquele momento que você deixa de lamúrias e passa a pensar mais sobre você mesmo e o que pode ter ocasionado aquele turbilhão de coisas, de brigas, de desentendimentos. Você chega à conclusão de que você é patético, mas a única resposta que consegue dar para o mundo é que por ser homem, tudo isso se desencadeia. Porém você percebe no meio desse devaneio todo que é apenas humano, demasiadamente humano....
Reallity In Motion vem com a mesma toada do álbum em uma espécie de balada etérea, inebriante dessa saga em busca de auto aceitação e percepção do mundo sozinho ou acompanhado. Você consegue ver a realidade se mexendo, avançando e o seu coração dando voltas circulares. Tudo o que deseja é sentir os braços dela, mesmo com dúvidas.
Love/Paranoia é um pedido de desculpas de fato expressado pela linha tênue do amor e da paranoia, onde ambos podem se confundir: seja por medo, receio e afins. Você percebe que a pessoa sempre esteve lá quando e porque você precisava:
"The time we were by the ocean
I didn't care if it was day or night
We were right where I wanted
Girl I'm sorry, babe I'm really really sorry"
Para finalizar essa viagem New Person, Same Old Mistakes traz um fim apoteótico para tanta melancolia dançante, onde você mudou tanto nesse caminho que está trilhando e consegue se ver feliz mesmo cometendo os mesmos velhos erros e durante 6 minutos (o trabalho começa e termina com as maiores canções do mesmo), você percebe que a viagem do álbum e o vôo relatado na música são apenas metáforas para você conseguir passar por esse momento. No caso, você pode decidir seguir a sua viagem como fora para Parker, mas você pode decidir pousar sua aeronave antes de decolar e fazer as coisas da maneira certa. Ambas as escolhas podem ser bem sucedidas, só depende do que você quer.
Com esse clima, Tame Impala se despede desse trabalho e que novos ventos tragam boas novas para eles. Como postei o álbum mais recente deles, algumas pessoas podem estar perdidas em algumas coisas aqui ditas. O artigo "Os Tame Impala perderam a vergonha" de um site português pode te ajudar a entender mais a aura da banda, assim como o fez para mim.
Dê o play e entre nessa viagem!
Caso não tenha Spotify, segue o álbum completo no YouTube
Nossa, que presente foda vc ganhou. Belo review! Vida longa a esse blog
ResponderExcluirPois é, Vítor! Presentaço
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